Monday, May 29, 2006

António Sardinha [e o Integralismo Lusitano]


Por Victor Emanuel [Vilela Barbuy]


Verdadeiro guia da intelectualidade lusitana de sua geração, António Sardinha foi um dos maiores poetas, historiadores e pensadores políticos de toda a História de Portugal. Em torno dele agrupou-se um considerável número de pensadores, na maioria jovens que, diante dos nefandos frutos do liberalismo agnóstico, agravados com a implantação da República, sonharam em restaurar Portugal pela Monarquia Tradicional, reconduzindo-o à sua vocação histórica.
António Maria de Sousa Sardinha nasceu na pequenina cidade de Monforte do Alentejo, publicou os primeiros poemas aos quinze anos de idade e formou-se em Direito na Universidade de Coimbra, em 1911.
Republicano municipalista nos tempos de estudante, desiludiu-se rapidamente com o regime instaurado em 1910, passando a qualificá-lo de "balbúrdia sanguinolenta".
Em 1914, fundou, juntamente com Hipólito Raposo, Alberto de Monsaraz, Luís de Almeida Braga e Pequito Rebelo, a revista Nação Portuguesa e o Integralismo Lusitano, movimento político-cultural de profundas convicções cristãs, tradicionalistas, patrióticas e nacionalistas que pregava, dentre outras coisas, a Democracia Orgânica e o combate sem tréguas ao liberalismo estrangeirizante.
Eleito deputado durante o consulado de Sidónio Pais, António Sardinha teve de exilar-se na Espanha por sua participação no levante restauracionista de Monsanto e na chamada Monarquia do Norte.
De volta a Portugal pouco mais de dois anos depois, António Sardinha passou a dirigir o diário A Monarquia, onde defendeu o Tomismo e pregou ser o Catolicismo Hispânico a base da sobrevivência da Civilização Ocidental.
Faleceu a 10 de janeiro de 1925, em Elvas, Alentejo, com apenas trinta e sete anos de idade.
Dentre as diversas obras de poesia, História e crítica política do fundador do Integralismo Lusitano, podemos citar: "Quando as nascentes despertam" (1924), "Ao princípio era o verbo" (1924), "A aliança peninsular" (1924) e "Ao ritmo da ampulheta" (1925).
Após a morte de António Sardinha, o Integralismo Lusitano, entrou em decadência, seguindo vivo, porém, por mais algumas décadas, com Hipólito Raposo, Pequito Rebelo, Luís de Almeida Braga, Alberto de Monsaraz e outros.
É incontestável a profunda influência que o Integralismo Lusitano e os integralistas tiveram no Estado Novo. Salazar era, com efeito, um grande admirador do movimento fundado por António Sardinha. Mas, mesmo assim, vários integralistas, como Hipólito Raposo, cuidaram estar a restauração nacional de Salazar muito aquém daquela por eles esperada, tornando-se, assim, opositores de seu regime.
No Brasil, a obra de António Sardinha foi amplamente estudada e difundida na Sociedade de Estudos Políticos (SEP), fundada por Plínio Salgado em fevereiro de 1932, em São Paulo e na Ação Imperial Patrianovista Brasileira, denominação que recebeu a partir de 1935 o movimento monárquico Pátria Nova, cujos ideais, distintos em alguns pontos básicos dos do Integralismo Brasileiro de Plínio Salgado, assemelhavam-se aos do Integralismo Lusitano de António Sardinha, e foi também estudada com profundidade por José Pedro Galvão de Sousa, que, aliás, dedicou ao criador do Integralismo Lusitano todo um número de sua formidável revista "A Reconquista".

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