Saturday, December 24, 2011

Mensagem de Natal e Ano Novo


Tendo, uma vez mais, a honra e o privilégio de vos dirigir a palavra no umbral de um Natal e Ano Novo, que, segundo esperamos, serão ainda mais felizes e abençoados do que aqueles que os precederam, salientamos que o ano que ora finda foi de considerável progresso para o Movimento do Sigma e para a Frente Integralista Brasileira. Com efeito, a Palavra Sigmática foi muito mais lida e ouvida em 2011, no Brasil e em todo o Orbe Terrestre, do que nos anos recentemente anteriores, e, assim, a Mensagem Integralista foi transmitida a muito mais pessoas e grupos d’aquém e d’além oceano, tendo sempre como referência fundamental a FIB, de sorte que demos largos passos no caminho do fortalecimento de nossa Instituição enquanto escola de civismo, de cultura e de política.  Nos consolidamos, ademais, como referência para diversos outros grupos e movimentos, muitos dos quais portadores de ideais fundamentalmente diversos dos nossos nos campos político e sócio-econômico, a exemplo de alguns dos diferentes movimentos de inspiração “neoconservadora” que vêm surgindo em nosso País e que, assim como nós, defendem as tradições religiosas e morais do Cristianismo, mas que, infelizmente, sustentam, no plano político, a preservação da liberal-democracia, e, no plano sócio-econômico, as infaustas teorias do denominado liberalismo clássico e da chamada “Escola Austríaca”, sem perceber que a liberal-democracia e o liberalismo sócio-econômico representam não apenas a antítese das tradições religiosas e morais cristãs, mas também as principais forças de dissolução destas.

O ano de 2012, que se iniciará, para nós, oficialmente, com o IV Congresso Nacional da FIB, a ser realizado na Cidade de São Paulo do Campo de Piratininga no próximo mês de fevereiro, será, seguramente, de grandes realizações para todos nós, que, sob as bênçãos de Deus, faremos que, para o Bem do Brasil e – por que não dizê-lo? - de todo o Mundo, chegue a mais pessoas e grupos nossa Mensagem de civismo, de patriotismo, de nacionalismo sadio e edificador e do mais lídimo idealismo orgânico. Manteremos, assim, viva a chama do Ideal de recristianização integral do Brasil e de religação deste às suas raízes autênticas, isto é, à sua Tradição, bem como o facho do Ideal de edificação de um Estado Integral, ou seja, de um Estado Ético de Justiça, ético não por ser a própria encarnação da Ética, como querem, dentre outros, Hegel e Gentile [1], mas sim por ser inspirado na Ética, que lhe é anterior e superior, e movido por um ideal ético, como sustentam, dentre outros, Gino Arias, Giorgio Del Vecchio e Miguel Reale [2], e de Justiça não por ser o criador da Justiça, que igualmente lhe é precedente e superior, mas por se pautar nas regras da Justiça e se mover por um ideal de Justiça. É este o "Estado Orgânico Integral Cristão" de que nos fala Alcibíades Delamare [3] e o “Estado Corporativo Cristão” de que nos fala Gustavo Barroso [4], e que não é um princípio ou um fim, mas apenas um meio, um instrumento da Pessoa Humana e do Bem Comum [5], se constituindo, em última análise, no “Estado que vem de Cristo, inspira-se em Cristo, age por Cristo e vai para Cristo”, conforme as inspiradas palavras de Plínio Salgado [6].

Recordando, pois, estas e outras palavras de Plínio Salgado, insigne “Arauto e Apóstolo de Cristianismo e de Brasilidade” e “Bandeirante da Fé e do Império”, como o chamamos algures [7], ou, na expressão de Hipólito Raposo, “o mais eloquente intérprete da Brasilidade” [8], ou, ainda, no dizer de Francisco Elías de Tejada, o “profeta incandescente e sublime de seu povo”, a “encarnação viva do Brasil melhor”, o genial “profeta do Brasil”[9], País que, caso queira ser “autenticamente brasileiro” deve “volver seus olhares para esse apóstolo caboclo, baixinho e nervoso no corpo, porém grandíssimo na alma e na fé” [10]; recordando, enfim, estas e outras palavras deste Mestre - que  como faz salientar João Ameal, escreveu, falou, combateu e apostolizou “sob a luz perene da obediência a Cristo”, empregando argumentos colhidos “nas divinas palavras”, levantando imagens “sugeridas pelas divinas lições”, lançando apelos que “são o eco dos divinos apelos” e tendo como programa a reimplantação, “na consciência dos contemporâneos”, da “figura excelsa do Filho de Deus” e o incitamento no sentido de que O tomassem por modelo e soubessem “voltar ao integral cumprimento da Sua Lei” [11] - julgamos oportuno transcrever, revisto e ampliado, um parágrafo da Mensagem de Natal e Ano Novo que redigimos no ano de 2010 [12]:

É por Cristo que nos levantamos neste grande, nobre e belo Movimento em defesa do Brasil Profundo e de suas mais lídimas tradições, sob o lema “Deus, Pátria e Família”, nobre e elevado como nenhum outro. É por Cristo que nos irmanamos em torno da bandeira azul e branca do Sigma, Sigma que é, com efeito, o símbolo pelo qual os primeiros cristãos helenos identificavam SOTEROS, o Salvador, que não é senão, como bem sabeis, o Nosso Senhor Jesus Cristo. É por Cristo, ainda, que pugnamos pelo Solidarismo Cristão, pregando e praticando a Caridade, a Solidariedade, a Harmonia e a Cooperação entre as Pessoas das diferentes classes sociais, bem como a Justiça Social e o fim do iníquo sistema que instituiu o culto das riquezas materiais, separou a Economia da Ética e transformou o Trabalho e a Propriedade em simples mercadorias regidas pela lei da oferta e da procura e o Mundo em um vasto mercado governado pelo dinheiro e pelo nefando poder deste e onde os Homens valem por aquilo que têm e não por aquilo que são. É por Cristo, ademais, que queremos instaurar uma Sociedade Orgânica e um Estado movido pela Ética e pela Ética transcendido. É por Cristo, enfim, que nos fazemos soldados, bandeirantes da Tradição e da verdadeira e autêntica Revolução, isto é, da Revolução entendida no mais rigoroso e próprio sentido do termo, isto é, compreendida como uma transmutação integral de valores no sentido de recondução do Homem e da Sociedade ao seu princípio, como reedificação do Homem e da Sociedade autênticos.

Como frisamos naquela ocasião, a fim de desfazer possíveis equívocos, a Revolução pela qual pugnamos não é senão aquela mesma Revolução proposta pelo Servo de Deus Fulton Sheen, isto é, “a verdadeira revolução”, “revolução de dentro para fora”, “revolução que mude os corações”, “revolução semelhante à que descreve o Magnificat, que foi mil vezes mais revolucionário do que o manifesto de Karl Marx, em 1848” [13], manifesto este que, aliás, consoante igualmente salientamos na referida Mensagem, se configura num plágio do Manifesto da democracia no século XIX, de Victor Considérant, e nada tem de revolucionário no sentido tradicional do vocábulo, uma vez que não rompe com as ideias dominantes em seu tempo, tais como o materialismo, o economicismo e o mito do progresso ilimitado do Homem e da Sociedade.

Consoante igualmente sublinhamos naquele documento, a Revolução que propugnamos não é senão a Revolução de que Plínio Salgado foi – e é – portador, segundo João Ameal, que, em apresentação à obra O Rei dos reis, do autor da Vida de Jesus, evocando a conferência intitulada A aliança do sim e do não e proferida por este no Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, no mês de março do ano de 1944, assim se exprime:

“’As verdadeiras revoluções’ – escreveu um dia Péguy – ‘consistem essencialmente em mergulharmos nas inesgotáveis fontes da vida interior. Não são os homens superficiais que podem pôr em marcha tais revoluções – mas os homens capazes de ver e de falar em profundidade’. Porque Plínio Salgado é desses homens capazes de ver e de falar em profundidade, porque não se queda nas aparências transitórias e vai direto ao essencial (só o essencial, aliás, o interessa) – respirava-se, à saída da sua conferência, por entre a banal algazarra da noite citadina, uma atmosfera que se poderia chamar, de fato, revolucionária, no sentido mais exato do termo revolução, que significava volta ao ponto de partida. Exortara-nos o orador a voltar ao ponto de partida, ao Senhor e Criador que está na origem de tudo e a quem devemos regressar com humilde e incondicional adesão se queremos merecer que nos ensine o Caminho, a Verdade e a Vida.

“Revolução prodigiosa. Revolução decisiva – a única decisiva! Como poderemos deixar de ser gratos ao grande camarada de armas que veio dar-lhe tão considerável impulso?” [14].

            É em tal sentido, ademais, que, a 24 de novembro de 1900, o então jovem deputado carlista por Tolosa, Víctor Pradera, emprega o termo Revolução, em discurso em defesa da causa legitimista e tradicionalista do Carlismo:

‘”A revolução, Sres. Deputados, é necessária, é de todo ponto de vista imprenscindível; mas para que esta revolução não seja um crime de lesa-pátria, é preciso que leve em conta as energias vitais do país. A revolução tem que ser um revulsivo rápido e enérgico; mas de maneira alguma pode ser uma sangria solta” [15].

            Neste sentido, a que denominamos tradicional, a Revolução não se opõe à Tradição, antes pelo contrário, sendo defendida, antes e acima de tudo, aliás, como forma de restauração da Ordem Tradicional, com a supressão da atual (des)ordem, que, como todos sabem, nada tem de tradicional, havendo nascido e se desenvolvido sob o signo das nefastas ideias apriorísticas, utópicas, individualistas e antitradicionais do iluminismo e do liberalismo e que não deve, pois, ser conservada, mas, antes, combatida pelos verdadeiros tradicionalistas.

Isto posto, cumpre assinalar, tendo em vista os pseudo-tradicionalistas de plantão, demonizadores de todos aqueles que empregam o termo Revolução em sentido positivo, que mesmo os grandes pensadores tradicionalistas que, diversamente de Plínio Salgado, João Ameal, Víctor Pradera ou Rolão Preto, por exemplo, preferiram empregar o termo Revolução em sentido negativo, a exemplo de António Sardinha, Francisco Elías de Tejada e José Pedro Galvão de Sousa, jamais deixaram de admitir o uso daquela palavra em sentido positivo, do mesmo modo que jamais satanizaram alguém apenas por empregá-la neste sentido. Com efeito, em artigo publicado na revista bilíngue hispano-luso-brasileira de cultura e política tradicionalista Reconquista, José Pedro Galvão de Sousa, logo após haver demonstrado que o tradicionalismo não se confunde com o “passadismo ou conservadorismo”, posto que “no presente pode haver muito elemento contrário à tradição, ou mesmo tradições espúrias, que se formaram em detrimento das autênticas e sãs” e haver salientado que a “tradição não se opõe ao progresso”, sendo, antes, pressuposto do progresso [16], observa que

“Quanto à revolução, sabemos que é uma alteração violenta da ordem política. Considerada sob esse prisma conceitual, não implica necessariamente numa concepção filosófica oposta ao tradicionalismo. Pode dar-se por exemplo, o caso de uma revolução cujo escopo seja restaurar instituições tradicionais. Surge aqui o problema do direito de revolução, que muitos tradicionalistas admitem. Logo, o revolucionário nem sempre se opõe ao tradicional, desde que se considere a revolução um simples meio de obter transformações políticas  cuja legitimidade depende em primeiro lugar do fim que se tem em vista” [17].

            Francisco Elías de Tejada, por seu turno, em nota que consta duma das páginas de sua obra intitulada La Monarquía Tradicional, esclarece que suas “críticas à revolução destruidora nada têm que ver com a ideia da revolução enquanto restauração, que aparece no pensamento de José Antonio Primo de Rivera a efeitos de política pragmática” [18].

            Já António Sardinha, “o mais ardoroso condutor do Integralismo Lusitano”, na expressão de João Ameal [19], inclusive empregou, por diversas vezes, o termo Revolução em sua acepção positiva, como quando afirmou, em sua Teoria das Cortes Gerais, que, “Como homens de tradição, somos assim renovadores e, como tal, revolucionários [20].

            É este, pois, o sentido da nossa Revolução, pela qual temos lutado e continuaremos lutando, pela restauração da realeza de Cristo e pela instauração de tudo em Cristo, fazendo nosso o brado de Plínio Salgado, “Primeiro, Cristo!”, e pugnando, ademais, para que o Povo deste vasto Império da Terra de Santa Cruz retome a consciência de seu real valor e da augusta missão que está destinado a realizar no Mundo.  

Por Cristo e pela Nação!

Victor Emanuel Vilela Barbuy,

Presidente Nacional da Frente Integralista Brasileira.

São Paulo do Campo de Piratininga, 24 de dezembro de 2011, LXXIX.



Notas:

[1] Hegel, G. W. F. Princípios da Filosofia do Direito. Trad. de Norberto de Paula Lima. Adaptação e notas de Márcio Pugliesi. São Paulo: Ícone, 1997, §§ 257-258, pp. 204-205; GENTILE, Giovanni. Idee fondamentali. In Enciclopedia Italiana do Scienze, Lettere ed Arti. Vol. XIV. Milão: Treves-Treccani-Tumminelli, 1932-X, pp. 847-848. Este texto, não assinado e muitas vezes atribuído a Benito Mussolini, foi escrito a pedido deste por Giovanni Gentile (V. TURI, Gabriele. Giovanni Gentile: Una biografia. Florença: Giunti Editore, 1995, p. 426; GREGOR, A. James. Phoenix: Fascism in our time. 1ª ed., 4ª reimpr. New Brunswick: Transaction Books, 2009p. 940.).

[2] ARIAS, Gino. Corso di Economia Politica Corporativa. 2ª ed. aumentada e atual. Roma: Società Editrice Del “Foro Italiano”, 1937-XV, p. XVIII; Idem. Manual de Economía Política. Buenos Aires: L. Lajouane & Cia. – Editores, 1942, p. 410; DEL VECCHIO, Giorgio. Indivíduo, Estado e Corporação (conferência proferida em alemão na Universidade de Zurique em 30 de abril de 1934). Trad. de Marcello Caetano, publicada na Revista da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, com leves alterações, acréscimos e supressões, introduzidas pelo próprio autor. In Idem. Teoria do Estado. Trad. portuguesa de António Pinto de Carvalho. Prefácio de Miguel Reale. São Paulo: Edição Saraiva, 1957, p. 210; REALE, Miguel. O Estado Moderno: liberalismo, fascismo, integralismo. 2ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1934, p. 197.

[3] DELAMARE, Alcibíades. Aos moços universitários (resumo, publicado originalmente no jornal A Ofensiva, do discurso proferido a 6 de maio de 1937, no Instituto Nacional de Música, no Rio de Janeiro, na ocasião em que o autor ofertou o Pavilhão da Pátria aos universitários integralistas). In Enciclopédia do Integralismo, vol. II. Rio de Janeiro: GRD/Livraria Clássica Brasileira, s/d, p. 72.

 [4] BARROSO, Gustavo. Comunismo, Cristianismo, Corporativismo. Rio de Janeiro: Editora ABC Limitada, 1938, p. 97.

[5] Nesse sentido v, p. ex.: DELAMARE, Alcibíades. Aos moços universitários, cit., loc. cit; SALGADO, Plínio. Estado Totalitário e Estado Integral (artigo publicado originalmente no jornal A Ofensiva, do Rio de Janeiro, a 01 de novembro de 1936). In Idem. Madrugada do Espírito. 4ª ed. In Idem. Obras Completas. 2ª ed., vol. VII. São Paulo: Editora das Américas, 1957, p. 443; TELLES JUNIOR, Goffredo. Justiça e Júri no Estado Moderno. São Paulo: Empresa Gráfica da Revista dos Tribunais, 1938, p. 31.

[6] SALGADO, Plínio. Cristo e o Estado Integral (peroração de discurso proferido a 12 de junho de 1937, na Sessão Soleníssima das Cortes do Sigma). In Idem. O Integralismo perante a Nação. 2ª ed. In Idem. Obras Completas. 2ª ed., vol. IX. São Paulo: Editora das Américas, 1959, pp. 201-203.

[7] BARBUY, Victor Emanuel Vilela. Plínio Salgado, Arauto e Apóstolo de Cristianismo de Brasilidade. In O Lince, nova fase, ano 4, nº 31, Aparecida-SP, jan/fev. de 2010, pp. 16-18. Também disponível em: http://www.integralismo.org.br/?cont=781&ox=14&vis=. Acesso em 23 de dezembro de 2011;Idem. Plínio Salgado, Bandeirante da Fé e do Império. Disponível em: http://www.integralismo.org.br/?cont=781&ox=71&vis=. Acesso em 23 de dezembro de 2011.

[8] RAPOSO, Hipólito. A notável oração do Dr. Hipólito Raposo. In Uma reportagem histórica (pubicada originalmente no jornal A Voz, de Lisboa, a 23 de junho de 1946). In VV.AA. Plínio Salgado: “in memoriam”. Vol. II. São Paulo: Voz do Oeste/Casa de Plínio Salgado, 1986, p. 189.

[9] ELÍAS DE TEJADA, Francisco. Plínio Salgado na Tradição do Brasil. In VV.AA. Plínio Salgado: “in memoriam”. vol. II, cit., pp. 47-48.

[10] Idem, p. 70.

[11] AMEAL, João. Plínio Salgado ou a nova luta por Cristo (artigo a propósito dos livros Como nasceram as cidades do Brasil e A imagem daquela noite, de Plínio Salgado, publicado originalmente na Revista de Cultura Portuguesa Rumo, ano I, nº 6, 1946). In VV.AA. Plínio Salgado: “in memoriam”. vol. II, cit., p.129.

[12] BARBUY, Victor Emanuel Vilela. Mensagem de Natal e Ano Novo. Disponível em: http://www.integralismo.org.br/?cont=781&ox=63&vis=. Acesso em 23 de dezembro de 2011.

[13] SHEEN, Fulton J. Filosofias em luta. Trad. De Cypriano Amoroso Costa. Rio de Janeiro: Livraria Agir Editora, 1946, p. 18.

[14] AMEAL, João. Apresentação. In SALGADO, Plínio. O Rei dos Reis. 5ª ed. (em verdade 6ª). In Idem. Primeiro Cristo!. 4ª ed. (em verdade 5ª). São Paulo/Brasília: Editora Voz do Oeste/Instituto Nacional do Livro, 1979, p. 94. Grifos em itálico no original.

Sunday, December 11, 2011

Idealismo utópico e idealismo orgânico

Idealismo utópico e idealismo orgânico*

Por Victor Emanuel Vilela Barbuy

Oliveira Vianna



Um dos mais notáveis sociólogos, cientistas políticos, historiadores e juristas brasileiros, Francisco José de Oliveira Vianna nasceu a 20 de julho de 1883 numa fazenda do Distrito de Rio Seco, no município fluminense de Saquarema, sendo filho do fazendeiro Francisco José de Oliveira Vianna e de D. Balbina Rosa de Azeredo Vianna, e faleceu em Niterói a 28 de março de 1951.

Após aprender, em casa, as primeiras letras e a aritmética, estudou na escola pública de Saquarema, dirigida pelo Professor Joaquim de Sousa, e, mais tarde, ainda em Saquarema, na escola do Professor Felipe Alves de Azeredo. Em 1897 se mudou para Niterói, onde estudou, até 1900, no Colégio Carlos Alberto. Concluiu o curso de humanidades no tradicional Colégio Dom Pedro II, no Rio de Janeiro, e, em seguida, ingressou na Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, da qual saiu bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais em 1906.

Depois de formado, exerceu a advocacia por breve período, na então Capital Federal, e, em seguida, passou a ensinar História no Colégio Abílio, em Niterói, ao mesmo tempo em que dava aulas particulares de Matemática. Em 1916 principiou a lecionar Prática de Direito Penal na Faculdade de Direito de Niterói, de que foi um dos primeiros professores e na qual, após um período de afastamento, assumiu, na década de 1930, a cadeira de Direito Social, mais tarde denominado Direito do Trabalho.

Em 1926, se tornou Diretor do Instituto de Fomento Agrícola do Rio de Janeiro e, em 1931, foi nomeado membro do Conselho Consultivo do Rio de Janeiro. De 1932 a 1940 foi Consultor Jurídico do Ministério do Trabalho e, ao deixar o cargo, foi nomeado Ministro do Tribunal de Contas da União, após haver declinado do oferecimento de Vargas de ocupar o cargo de Ministro do Supremo Tribunal Federal, o que fizera sob alegação de não ter mais idade para se dedicar aos estudos do Direito Civil e manifestando intenção de retornar a seus estudos sociológicos.

Fiel às origens, este cultor da Terra e da Tradição conservou, até o fim de sua existência, a gleba de terra que herdou do pai, falecido quando tinha apenas dois anos de idade, se orgulhando profundamente de sua condição de fazendeiro.

Pertenceu à Academia Brasileira de Letras, ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e a seus congêneres do Pará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Ceará, à Academia Fluminense de Letras, ao Conselho Nacional de Geografia, à Sociedade dos Amigos de Alberto Torres, à Sociedade dos Americanistas, de Paris, ao Instituto Internacional de Antropologia, à Academia de História de Portugal, à Academia de Ciências Sociais de Havana, à Academia Dominicana de História e à Sociedade de Antropologia e Etnologia do Porto, dentre outras instituições, e foi membro da Comissão Especial encarregada da revisão da Constituição (1933) e da Comissão Revisora das Leis do Ministério da Justiça (1939).

Católico apostólico romano, foi legionário do Sagrado Coração de Jesus e fundamentou na Doutrina Social da Igreja suas doutrinas corporativistas, que, aliás, exerceram profunda influência na formação da Justiça e do Direito Laboral Pátrio. Assim como Plínio Salgado, por exemplo, defendeu, inspirado, antes e acima de tudo, nas encíclicas Rerum Novarum, de Leão XIII, e Quadragesimo Anno, de Pio XI, um modelo de Estado Corporativo fundamentalmente distinto daquele do fascismo italiano, cujo totalitarismo jamais aceitou, ainda do mesmo modo que Plínio Salgado, que bem expôs suas severas críticas ao Estado Totalitário em trabalhos como a Carta de Natal e fim de ano, publicado no jornal A Ofensiva, do Rio de Janeiro, a 25 de dezembro de 1935 [1], e Estado Totalitário e Estado Integral, publicado no mesmo jornal a 01 de novembro de 1936 [2]. Por fim, igualmente a exemplo de Plínio Salgado [3] e inspirado na Doutrina Social da Igreja, pugnou pela implantação, no Brasil, de uma autêntica Democracia Cristã [4], a que também denomina Democracia Corporativa [5].

Jornalista de amplos recursos, colaborou em diversos jornais e revistas do Rio de Janeiro e de São Paulo. Da vasta e profícua obra sociológica, histórica, jurídica, antropológica e política deste “intelectual brasileiro autêntico”, na expressão de Paulo Edmur de Souza Queiroz [6], podemos destacar os seguintes trabalhos: Populações meridionais do Brasil, cujo primeiro volume, de grande repercussão dentro e fora do País, foi publicado em 1920, enquanto o segundo, escrito muito mais tarde, só foi dado à luz postumamente, em 1952; O idealismo na evolução política do Império e da República (1922); O ocaso do Império (1925); O idealismo da Constituição (1927, com segunda edição, revista e bastante aumentada, em 1939); Problemas de política objetiva (1930); Problemas de Direito Corporativo (1938); Problemas de Direito Sindical (1943); Instituições políticas brasileiras (1949); Direito do Trabalho e Democracia Social (1951) e Problemas de organização e problemas de direção (1952).

Marcante na vida e na obra de Oliveira Vianna foi a influência de Alberto Torres, proeminente sociólogo e pensador político com quem teve ele o privilégio de conviver na mocidade, e que desempenhou papel fundamental em sua decisão de se dedicar aos estudos sociológicos. É certo, porém, que muitas são as diferenças que separam o pensamento de ambos, sendo que, em nosso sentir, Oliveira Vianna, muito mais liberto da idolatria dos “imortais princípios” utópicos e apriorísticos da denominada revolução francesa do que Alberto Torres, tem razão em todas elas, salvo naquela que diz respeito à questão étnica. Neste aspecto, discordamos fortemente das ideias ditas arianizantes do autor de Raça e assimilação, enquanto concordamos inteiramente com aquelas do autor de O problema nacional brasileiro, uma das primeiras vozes ilustres, com efeito, a se levantar contra as teorias racistas em nosso País, denunciando o absurdo destas e o seu uso pelas grandes potências como justificativa de suas políticas imperialistas. A posição de Torres, aliás, seria seguida e desenvolvida por Plínio Salgado e outros integralistas, que, como assinala Alberto da Costa e Silva, estavam entre os “mais atentos leitores” do autor de A organização nacional e de cuja agenda, ainda na expressão do eminente diplomata, escritor e historiador patrício, “constavam a valorização do mestiço e a dignificação do negro” [7].

Há que ressaltar, contudo, que os equívocos de Oliveira Vianna em relação à questão étnica, aliás comuns em sua época, não comprometem o conjunto da obra deste insigne vulto do pensamento nacional, em quem, a exemplo do sociólogo Guerreiro Ramos, reconhecemos um verdadeiro mestre [8]. Do mesmo modo, não compromete em nada sua obra o fato de haver participado do Estado Novo, sendo importante recordar, como o fez o historiador José Murilo de Carvalho, que intelectuais como Carlos Drummond de Andrade, Sérgio Buarque de Holanda, Gustavo Capanema e Mário de Andrade, aos quais podemos acrescentar Menotti Del Picchia, Cassiano Ricardo e muitos outros, também colaboraram com o regime estadonovista, não tendo, porém, sua adesão a este cobrada tão rigorosamente quanto aquela de Oliveira Vianna [9]. Mais absurdo, porém, é o fato de que os mesmos que criticam com tanto rigor o apoio do sociólogo de Saquarema ao Estado Novo, se olvidam de criticar Jorge Amado, Graciliano Ramos ou Oswald de Andrade por seu apoio a uma ditadura muito mais terrível, qual seja a de Stálin na antiga URSS.

Feitas estas breves considerações a respeito da vida e da obra de Oliveira Vianna, passemos a tratar daquele que é, em verdade, o tema da presente comunicação: os conceitos de idealismo orgânico e de idealismo utópico, tal como definidos e empregados pelo autor de Instituições políticas brasileiras.

O idealismo orgânico é, consoante preleciona o autor de O idealismo da Constituição, o idealismo que se forma tão somente de realidade, se apoia tão somente na experiência e se orienta tão somente pela observação do povo e do meio [10]. Não é, pois, senão o idealismo realista, ou o “idealismo fundado na experiência”, de que nos fala o médico, filósofo e sociólogo ítalo-argentino José Ingenieros (nascido Giuseppe Ingegneri em Palermo, na Sicília) [11] e que, conforme salienta o médico, pensador e político equatoriano Julio Endara, representa “uma força moral inspirada no desejo de melhorar o real” e não uma simples ideologia abstrata [12].

O idealismo orgânico é, em uma palavra, o idealismo consciente de que as instituições devem brotar da Tradição e da História dos povos e não da cabeça de ideólogos criadores de quimeras, o idealismo que extrai da História uma Tradição sólida e viva, um coeficiente espiritual de edificação moral, social e cívica, um desenvolvimento estável e verdadeiro, transmissor e enriquecedor do patrimônio de pensamento e de costumes herdado de nossos maiores.

O idealismo utópico, a que também podemos denominar idealismo inorgânico, é o idealismo que não leva em consideração os dados da experiência [13], podendo ser definido como “todo e qualquer conjunto de aspirações políticas em íntimo desacordo com as condições reais e orgânicas da sociedade que pretende reger e dirigir” [14]. Corresponde ele à “política silogística” de que nos fala Joaquim Nabuco em Balmaceda e que é definida como a “pura arte de construção no vácuo”, tendo, como base, “teses, e não fatos”, como material, “ideias, e não homens”, como situação, “o mundo, e não o país” e, como habitantes, “as gerações futuras, e não as atuais” [15].

Há que ressaltar, contudo, que o próprio Joaquim Nabuco padeceu, em certa medida, do mal do idealismo utópico, posto que defendeu, até o fim de sua vida, o modelo monárquico liberal adotado pelo Império do Brasil, embasado numa Constituição utópica e apriorística, que, segundo Oliveira Vianna, decretou, sem consultar a nossa Cultura e as nossas Tradições, que os brasileiros passassem a praticar o parlamentarismo inglês [16].

O idealismo utópico se denuncia, num sistema constitucional, segundo preleciona Oliveira Vianna, pela “disparidade que há entre a grandeza e a impressionante eurritmia da sua estrutura e a insignificância do seu rendimento efetivo – e isto quando não se verifica a sua esterilidade completa” [17]. Assim, constituições belíssimas em suas promessas produzem resultados contrários àqueles pretendidos, posto que baseadas em quimeras, em mitos abstratos e artificiosos engendrados pela razão humana e não pela experiência, ou Tradição [18].

Havendo falado em Tradição, reputamos necessário tecer algumas breves considerações a respeito desta. Derivada do latim traditio, de tradere, entregar, a palavra "tradição" indica, pois, a entrega, a transmissão constante, pelas gerações sucessivas, de um patrimônio de valores religiosos, espirituais e culturais, mantidos sempre naquilo que têm de essencial e aprimorados naquilo que têm de acessório. Podemos, outrossim, defini-la, parafraseando José de Alencar [19], como a arca veneranda da sabedoria de nossos maiores, consolidada pelos séculos e apurada pelas gerações.

A Tradição é a base de todo o progresso autêntico, representando, segundo preleciona o poeta e pensador português António Sardinha, a “continuidade no desenvolvimento”, a “permanência na renovação” [20] e traduzindo, outrossim, filosófica e historicamente, “dinamismo e continuidade” [21]. Daí o pensador espanhol Vázquez de Mella sustentar que a Tradição é o “progresso hereditário” [22], o filósofo italiano Michele Federico Sciacca afirmar que “não há progresso verdadeiro ou construtivo sem tradição e não há tradição viva e operante sem progresso” [23], e o pensador e poeta brasileiro Arlindo Veiga dos Santos salientar que “Tradição é vida, é progresso” e que “o pretenso progresso que renega a tradição é eterno recomeço, perpétua imperfeição” [24], do mesmo modo que “o Presente que nega o Passado não terá futuro” [25].

Em uma palavra, a Tradição, fio que une as gerações presentes às passadas e às futuras, deve ser compreendida não como um ser fossilizado, como uma relíquia de museu, mas sim como uma força viva, dinâmica e atuante, que não se constitui na antítese do Progresso, mas sim no seu pressuposto.

“Fonte de permanente renovação”, no dizer de Alfredo Buzaid, a Tradição nos subministra, ainda segundo este conceituado jurista patrício, “o passado vivo, com os seus exemplos, as suas inspirações, o seu legado de saber e de experiências” [26]. Tinha consciência disto Oliveira Vianna, para quem nós outros “não somos senão uma coleção de almas, que nos vêm do infinito do tempo” [27], e que preleciona que cada Nação é uma entidade única e inconfundível, dotada de fórmula sociológica e modo de vida próprio, decorrentes de sua formação histórica e social [28]. Assim, a Nação projeta no tempo tradições, costumes, crenças religiosas, formas de ver, pensar e agir, uma cosmovisão, ou uma visão de Mundo, que constituem parte integrante de seu patrimônio cultural, somente existindo enquanto seu povo mantém esse patrimônio, por meio da Tradição, não podendo, pois, haver Nação sem Tradição, assim como Pátria sem Tradição [29]. Daí, com efeito, observar o historiador e pensador português Alfredo Pimenta que “Nação que rejeita a Tradição é Nação que se suicida, que se nega a si própria” [30].

Podemos afirmar, outrossim, que, se o nosso Brasil, desde a Constituição de 1824, como bem observa Oliveira Vianna, tem adotado “regimes ou sistemas inteiramente fora de seus hábitos mentais e sociais” [31], adotando, pois, o idealismo utópico e negando a sua Tradição, tem ele se negado a si próprio. Daí fazermos nossa a opinião do jusfilósofo espanhol Francisco Elías de Tejada, que, aliás, vai plenamente ao encontro dos ensinamentos de Oliveira Vianna, quando aquele ilustre mestre de Salamanca, profundo conhecedor do Brasil e de sua História, proclama que nosso País deve se reencontrar “com a própria essência viva mediante o repúdio de tantas fórmulas malogradas por postiças”, retornando, assim, “à autêntica Tradição social brasileira, ignorada pelo Império e ignorada pela República” [32].

Como ressalta Oliveira Vianna no prefácio à primeira edição de O idealismo da Constituição, de 1927, das edificações democráticas levantadas em nosso País, desde a Constituição de 1824 até aquela, então vigor, de 1891, passando pelo Código de Processo Civil de 1832 e o Ato Adicional de 1834, “nenhuma delas vingou, realmente, subsistir na sua pureza: todas foram condenadas ao fracasso”, posto que “nenhuma destas construções se assentou sobre bases argamassadas com a argila da nossa realidade viva – da nossa realidade social – da nossa realidade nacional”. Esta realidade nacional, com efeito, “nos ensina muita cousa”, como bem observa este autêntico mestre de idealismo orgânico, para quem, dentre as cousas ensinadas por tal realidade, está aquela “de que se, ontem como agora, o problema da democracia no Brasil tem sido mal posto, é porque tem sido posto à maneira inglesa, à maneira francesa, à maneira americana, mas, nunca, à maneira brasileira” [33].

Neste mesmo diapasão, em artigo enfeixado na obra intitulada Problemas de política objetiva, proclama o sociólogo patrício que “o que devemos buscar é um regime para nós mesmos, adequado a nós, modelado sobre as nossas realidades e refletindo as nossas idiossincrasias” [34]. Segundo sustenta ele, em outro artigo inserido no mesmo livro, “o verdadeiro caminho da democracia do Brasil” não estava na eleição de deputados ao Parlamento, mas sim no desenvolvimento dos Conselhos Técnicos e das organizações de classe, no incremento de sua importância, na intensificação de suas funções consultivas e pré-legislativas, na generalização e na sistematização da praxe de sua consulta pelos poderes públicos [35].

Infelizmente, porém, a obra de Oliveira Vianna, assim como aquela de todos os outros mestres de idealismo orgânico que temos tido, não exerce influência sobre o nosso regime político, e, assim, ainda inspirada largamente nos mitos do iluminismo e do liberalismo político dos séculos dos XVIII e XIX, refletindo, pois, o idealismo utópico, avesso à realidade e à Tradição, a democracia que temos, no Brasil, está muito longe de ser uma autêntica Democracia, ou, como diria Goffredo Telles Junior, em A Democracia e o Brasil, obra, aliás, estuante do mais lídimo idealismo orgânico, “avesso à realidade, o edifício do liberalismo é uma quimera” e, “fundada em mentiras, a democracia brasileira é um manto de irrisão” [36].

Encerremos esta comunicação. O idealismo utópico, que sobra no Brasil, assim como em toda a América Hispânica, da qual, aliás, fazemos parte [37], pode bem ser definido como o idealismo das ideologias modernas, das “escolas da utopia” de que nos fala Heraldo Barbuy e que, segundo este filósofo e sociólogo patrício, tentam dizer como o Homem e a Sociedade devem ser, sem levar em conta o que o Homem e a Sociedade de fato são [38], sendo, enfim, o infausto idealismo de nossos legisladores, que, na lição de Oliveira Vianna, não legislam para “o brasileiro de verdade, o brasileiro como ele é”, mas sim para uma “entidade abstrata”, uma “criação utópica”, um “cidadão-tipo” como aquele uma vez imaginado pelos ideólogos do “Enciclopedismo e da Soberania do Povo” [39].

Já o idealismo orgânico, de que tanto carecemos, pode bem ser definido como aquele idealismo que tem consciência de que cada Estado deve possuir uma ordem jurídica própria, constituída por normas compostas pelos valores da Sociedade, brotados da História, da Tradição e dos costumes, tendo presente que, consoante faz salientar Tobias Barreto, “as instituições que não são filhas dos costumes mas produtos abstratos da razão não aguentam muito tempo a prova da experiência e vão logo quebrar-se contra os fatos” [40], e de que, na expressão do filósofo napolitano Giambattista Vico, “as coisas fora de seu estado natural não se adequam nem duram” [41]. É, em uma palavra, o idealismo que obedece àquilo a que Eduardo Prado denomina a “grande lei de que as nações devem reformar-se dentro de si mesmas, como todos os organismos vivos, com a sua própria substância” [42].



[1] SALGADO, Plínio. Carta de Natal e fim de ano. In Idem. O Integralismo perante a Nação. 3ª ed. In Idem. Obras Completas. 2ª ed., vol. IX. São Paulo: Editora das Américas, 1957, pp. 139-149.
[2] Idem. Estado Totalitário e Estado Integral. In Idem. Madrugada do Espírito. 4ª ed. In Idem. Obras Completas. 2ª ed., vol. VII. São Paulo: Editora das Américas, 1957, pp. 443-449.
[3] Idem. Conceito cristão da Democracia. 6ª ed. In Idem. Obras Completas. 2ª ed., vol. VIII. São Paulo: Editora das Américas, 1959, pp. 317-413. Tal obra, cuja primeira edição data de 1945, se constitui na conferência proferida pelo autor da Vida de Jesus a 08 de dezembro de 1944 no Centro Académico de Democracia Cristã, em Coimbra, Portugal. A presença da ideia de Democracia Cristã no pensamento de Plínio Salgado é, porém, anterior a esse período, remontando à década de 1930 (V., p. ex., SALGADO, Plínio. A Doutrina do Sigma. 2ª ed. Rio de Janeiro: Schmid, editor, s/d [1937], p. 49).
[4] VIANNA, Oliveira. O papel construtivo da Democracia Cristã (conferência pronunciada numa concentração católica, realizada em Niterói, em 1945). In Idem. Direito do Trabalho e Democracia Social (o problema da incorporação do trabalhador no Estado). Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1951, pp. 165-179.
[5] Idem. Democracia de partidos e Democracia de elites. In Idem. Direito do Trabalho e Democracia Social (o problema da incorporação do trabalhador no Estado), cit., p. 161.
[6] QUEIROZ, Paulo Edmur de Souza. Sociologia política de Oliveira Vianna. São Paulo: Editora Convívio, 1975, p. 34.
[7] SILVA, Alberto da Costa e. Quem fomos nós no século XX: As grandes interpretações do Brasil. In MOTA, Carlos Guilherme (org.). Viagem incompleta. A experiência brasileira (1500-2000): a grande transação. São Paulo: Editora SENAC, 2000, pp. 22-23.
[8] RAMOS, Guerreiro. O problema do negro na sociologia brasileira. In O pensamento nacionalista e os “Cadernos de Nosso Tempo”. Brasília: Câmara dos Deputados/Editora Universidade de Brasília, 1981, p. 51.
[9] CARVALHO, José Murilo de. A utopia de Oliveira Viana. In Estudos Históricos, vol. 4, n. 7, Rio de Janeiro, 1991, p. 83.
[10] VIANNA, Oliveira. O idealismo da Constituição. 2ª ed. Aumentada. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1939, pp. 12-13.
[11] INGENIEROS, José. O homem medíocre. São Paulo: Cultura Moderna, 1936, p. 14.
[12] ENDARA, Julio. José Ingenieros y el porvenir de la filosofia. Buenos Aires: General Librería, 1922, p. 94.
[13] VIANNA, Oliveira. O idealismo da Constituição, cit., p. 12.
[14] Idem, p. 10.
[15] NABUCO, Joaquim. Balmaceda. São Paulo: Companhia Editora Nacional. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira S.A., 1937, p. 15.
16] VIANNA, Oliveira. Instituições políticas brasileiras. Vol. II. (Metodologia do Direito Público: Os problemas brasileiros da Ciência Política). 2ª ed., rev. pelo autor. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1955, p. 412.
[17] Idem. O idealismo da Constituição, cit., pp. 10-11. Grifos em itálico no original.
[18] Idem, p. 11.
[19] ALENCAR, Cons. José de. A propriedade. Prefação do Cons. Dr. Antônio Joaquim Ribas. Rio de Janeiro: B. L. Garnier – Livreiro-Editor, 1883, p. 2.
[20] SARDINHA, António. Ao princípio era o Verbo. 2ª ed. Lisboa: Editorial Restauração, 1959, p. 10.
21] Idem. Ao ritmo da ampulheta. 1ª ed. Lisboa: Lumen, 1925, p. XXV. Grifos em itálico no original.
[22] VÁZQUEZ de Mella, Juan. Vázquez de Mella (antologia). Seleção, estudo preliminar e notas de Rafael Gambra. S/d, p. 22. Disponível em: http://www.scribd.com/doc/29642956/Vzquez-de-Mella-Antologia. Acesso em10 de dezembro de 2010.
[23] SCIACCA, Michele Federico. Revolución, Conservadorismo, Tradición. In Verbo, nº 123, Madri, p. 283. Apud SOUSA, José Pedro Galvão de; GARCIA, Clovis Lema; CARVALHO, José Fraga Teixeira de. Dicionário de Política. São Paulo: T.A. Queiroz, 1998, p. 533.
[24] SANTOS, Arlindo Veiga dos. Sob o signo da fidelidade: Considerações históricas. São Paulo: Pátria-Nova, s/d, p. 4.
[25] Idem. Ideias que marcham no silêncio. São Paulo: Pátria-Nova, 1962, p. 76.
[26] BUZAID, Alfredo. A missão da Faculdade de Direito na conjuntura política atual. In Idem. Ensaios literários e históricos. São Paulo: Editora Saraiva, 1983, p. 228.
[27] VIANNA, Oliveira. Palavras de prefácio. In Idem. Populações Meridionais do Brasil (História-organização-psicologia). Vol. I (Populações rurais do centro-sul: paulistas, fluminenses, mineiros). 7ª ed. Belo Horizonte: Editora Itatiaia; Niterói: Editora da Universidade Federal Fluminense, 1987, p. 13.
[28] Idem. Instituições políticas brasileiras, cit., p. 448. No mesmo sentido v., p. ex.: FRANCA, S. J., Leonel. A crise do Mundo Moderno. 2ª ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1942, pp. 34-38; SOUSA, José Pedro Galvão de; GARCIA, Clovis Lema; CARVALHO, José Fraga Teixeira de. Dicionário de Política. São Paulo: T.A. Queiroz, 1998, p. 370.
[29] Dentre os autores que trataram do vínculo indissolúvel que une a Nação e a Pátria à Tradição, podemos citar, dentre outros: SALGADO, Plínio. Nosso Brasil. 3ª ed. In Idem. Obras completas. 2ª ed., vol. 4. São Paulo: Editora das Américas, 1957, pp. 288-293; SOUSA, José Pedro Galvão de; GARCIA, Clovis Lema; CARVALHO, José Fraga Teixeira de. Dicionário de Política, cit., loc. cit.
[30] PIMENTA, Alfredo. In CAMPOS, Fernando (Org.). Os nossos mestres ou Breviário da Contrarrevolução: Juízos e depoimentos. Lisboa: Portugália Editora, 1924, p. 147.
[31] VIANNA, Oliveira. Instituições políticas brasileiras, cit., p. 412.
[32] ELÍAS DE TEJADA, Francisco. Meditação brasileira no centenário de Farias Brito. Separata da Revista Convivium, ano I, nº 6, vol. I, São Paulo, 1962, p. 15
[33] VIANNA, Oliveira. Prefácio. In Idem. O idealismo da Constituição. 1ª ed. Rio de Janeiro: Edição Terra de Sol, 1927, p. 13.
[34] Idem. O problema da revisão e a luta contra o espírito de facção. In idem. Problemas de política objetiva. 3ª ed. Introdução de Alberto Venâncio Filho. Rio de Janeiro: Record, 1974, p. 39. Grifos em itálico no original.
[35] Idem. Os conselhos técnicos nos governos modernos. In idem. Problemas de política objetiva, cit., p. 147. Grifos em itálico no original.
[36] TELLES JUNIOR, Goffredo. A Democracia e o Brasil: Uma doutrina para a Revolução de Março. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1965, p. 14.
[37] Defendem o caráter hispânico do Brasil, dentre outros: SOUSA, José Pedro Galvão de. O Brasil no Mundo Hispânico. São Paulo: Ed. do autor, 1962; Idem. O Brasil e a integração hispano-americana (comunicação apresentada no Centro de Estudos Sociais e Políticos da Associação Comercial de São Paulo). In Digesto Econômico, n. 299, São Paulo, dezembro de 1982, pp. 45-70; FREYRE, Gilberto. O Brasileiro entre os outros hispanos: Afinidades e possíveis futuros nas suas inter-relações. Rio de Janeiro: José Olympio, 1975; SARDINHA, António. A aliança peninsular: Antecedentes e possibilidades. 3ª ed. Lisboa: qp, 1975, p. LXXXIII; ELÍAS DE TEJADA, Francisco. La Tradición portuguesa: los orígenes (1140-1521). Madri: Fundación Francisco Elías de Tejada y Erasmo Pèrcopo y Editorial ACTAS, s.l. , 1999, p. 37; MAEZTU, Ramiro de. Defensa de la Hispanidad. Capítulo I: La Hispanidad y su dispersión. Disponível em: http://hispanidad.tripod.com/maezt3.htm. Acesso em. 20 de novembro de 2011.
[38] BARBUY, Heraldo. Não se fabrica uma sociedade. In Reconquista, ano I, nº 12, São Paulo, maio de 1953, p. 1.
[39] VIANNA, Oliveira. Instituições políticas brasileiras, cit., pp. 416-417.
[40] BARRETO, Tobias. Estudos de Direito e Política. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1962, p. 204.
[41] VICO, Giambattista. Scienza Nuova, 134. In Idem. Autobiografia, Poesie, Scienza Nuova. 3ª ed. Milão: Garzanti, 2006, p. 246.
[42] PRADO, Eduardo. A ilusão americana. 2ª ed. Prefácio de Augusto Frederico Schmidt. Rio de Janeiro: Livraria Civilização Brasileira S.A., 1933, p. 61.


* Comunicação apresentada no "III Simpósio de Filologia e Cultura Latino-Americana", promovido pelo PROLAM/USP e pelo Núcleo de Pesquisa “América” e realizado nos dias 28, 29 e 30 de novembro de 2011, na sala de videoconferências de Filosofia e Ciências Sociais, na Cidade Universitária, em São Paulo.

Tuesday, November 15, 2011

Aymoré Ferreira – In memoriam.

Fotografias de Aymoré pequeno e já na maturidade, na capa de sua obra A Humanidade na contramão


Aymoré entre a esposa Tereza(à esquerda) e a assistente Renilde



É com profundo pesar que comunicamos a partida do nosso Companheiro Aymoré Ferreira para a Milícia do Além.

Farmacêutico, Professor de Educação Física, criador da Ginástica Psicossomática, Vereador por duas vezes em Ourinhos-SP, pelo Partido de Representação Popular (PRP), fundador e diretor do núcleo da Penha da Associação Brasileira de Cultura (ABC) e autor do livro A Humanidade na contramão, Aymoré Ferreira nasceu a 20 de março de 1918 no Patrimônio do Itaquerê, no Município de Matão, interior de São Paulo, sendo o penúltimo dos doze filhos de João Batista Ferreira e de Maria Gertrudes Ferreira. Passou os primeiros anos de vida na terra natal, depois residindo nos municípios de Xavantes e Salto Grande, em São Paulo, e Cambará, no Paraná, onde, então com cerca de dez anos de idade, trabalhou na Farmácia Santo Antônio, de Manoel Teixeira. Era, evocava ele, no “tempo em que se escrevia farmácia com ‘ph’ e o farmacêutico fazia remédio” [1].

Na época da Revolução Constitucionalista de 1932, Aymoré se mudou, com a mãe e os irmãos, para Jataí, atual Jataizinho, no Paraná, onde já residia seu pai, que ali não só plantava como também trabalhava como empreiteiro de estradas. Algum tempo mais tarde, a família retornou a São Paulo, indo residir em Pau d’Alho, atual Ibirarema, para onde voltariam depois de algum tempo residindo no Ribeirão Vermelho, no Município de Salto Grande. Em todas essas localidades, Aymoré ajudou o pai, trabalhando na roça.

Alguns anos depois, já moço e vivendo em Ourinhos, trabalhou numa empresa de beneficiamento de algodão, ao mesmo tempo em que, graças aos conhecimentos que tinha de farmácia, atendeu por diversas vezes os vizinhos, fazendo curativos e aplicando injeções sempre que necessário. Mais tarde, ainda em Ourinhos, trabalhou como encaixotador e empacotador no depósito da Drogasil, e, depois, como vendedor, na Pró Farma, de Aristides Gomes de Moraes. Em seguida, montou a própria farmácia, em sociedade com um certo Goezinho. Logo, porém, vendeu sua parte na sociedade e partiu para a cidade de São Paulo, onde realizou o Curso Oficial de Farmácia. Era o ano de 1946.

Ainda em 1946, Aymoré Ferreira, havendo concluído o curso de Farmácia, retornou a Ourinhos, onde foi trabalhar na Pró Farma e se casou com Adelina Ronche, de quem já estava noivo e que seria a mãe de seus filhos. Após a falência da Pró Farma, em 1949, nosso saudoso Aymoré adquiriu a própria farmácia, a Ourinhense, que logo adquiriu grande freguesia e prestígio, sobretudo graças à Congregação Mariana e à Sociedade São Vicente de Paulo, associações das quais era membro ativo e destacado.

Poucos anos mais tarde, o autor de A Humanidade na contramão foi apresentado ao Integralismo pelo então futuro Prefeito de Ourinhos, Domingos Camerlingo Caló. Aceitando os postulados espiritualista-cristãos, patrióticos e nacionalistas da Doutrina Integralista, sintetizados no lema “Deus, Pátria e Família”, Aymoré ingressou no Partido de Representação Popular (PRP), que, sob a liderança de Plínio Salgado, levava adiante os nobres e elevados ideais Integralistas. Tornou-se logo depois Presidente do PRP em Ourinhos, se candidatando e sendo eleito Vereador por duas vezes. Na primeira delas, graças, sobretudo, ao apoio da Congregação Mariana e da Sociedade São Vicente de Paulo, sua base eleitoral, foi, segundo conta, o segundo candidato mais votado, apenas quatro votos atrás do primeiro [2]. No primeiro mandato – e não no segundo, como, por um lapso, está escrito em seu livro [3] – foi o líder da oposição, na Câmara de Ourinhos, ao então Prefeito, José Maria Paschoalick.

Isto posto, cumpre ressaltar que o PRP foi muito forte em Ourinhos. Ao tempo do segundo mandato de Aymoré, com efeito, aquela agremiação política era a que contava com mais representantes na Câmara, e o próprio Prefeito, Domingos Camerlingo Caló, Integralista, havia sido eleito por aquele partido, em coalizão com a UDN e o PTB.

Discípulo de Plínio Salgado, cuja Vida de Jesus, saudada pelo Padre Leonel Franca como “a joia de uma literatura” [4], tinha como livro de cabeceira, Aymoré via no ilustre filho de São Bento do Sapucaí não apenas um dos grandes pensadores e doutrinadores políticos de seu tempo, como também “o maior Profeta do Século XX” [5].

Aymoré Ferreira não foi o único a ver Plínio Salgado como um grande profeta. Dentre outros que igualmente assim o viram ou veem, podemos evocar o jusfilósofo Francisco Elías de Tejada y Spínola, vulto máximo do pensamento político-jurídico tradicionalista e tomista espanhol do século XX, que saudou em Plínio Salgado “o profeta incandescente e sublime de seu povo”, “o profeta do Brasil”, agradecendo a Deus por o haver permitido “conhecer, amar, admirar” aquele insigne varão, em cuja pessoa reconhecia “um dos homens mais geniais” com quem se havia encontrado em sua existência e a “encarnação viva do Brasil melhor” [6].

Em 1959, Aymoré se mudou para a Capital Paulista, onde, na Rua São Miguel, no bairro de Vila Marieta, na região da Penha, fundou a hoje tradicional Drogaria Aymoré. Anos mais tarde, fundou o núcleo da Penha da Associação Brasileira de Cultura (ABC), no qual, durante alguns anos, foram realizadas inúmeras palestras sobre temas políticos, cívicos e culturais, além de festas-baile mensais.

Em 1994, perdeu, em curto espaço de tempo, a esposa Adelina e uma de suas filhas, Sílvia, e se casou, em segundas núpcias, com Tereza Barducco Palmeiro, prima de Adelina e também viúva. No ano seguinte, Aymoré e Tereza ingressaram no programa “Universidade Aberta à Maturidade”, da PUC de São Paulo, onde estudaram por pouco mais de dois anos. Depois disso, o casal trocou a PUC pela Universidade São Judas Tadeu, onde os chamados estudantes da Maturidade podiam frequentar as aulas de Filosofia, permanecendo ali por cerca de quatro anos.

Por essa época, Aymoré, que já havia criado a Ginástica Psicossomática e feito um curso complementar de Educação Física na FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas), em São Paulo, se tornou Professor de Educação Física com registro no Conselho Regional de Educação Física de São Paulo.

A Ginástica Psicossomática, conjunto de movimentos e mentalizações visando ao autoconhecimento e ao bem-estar físico e mental, é hoje aplicada em centenas de idosos em diversos parques, igrejas e escolas de São Paulo. Aymoré a lecionou, por vários anos, quase até o fim da vida, no Clube Escola Tiquatira, no parque de mesmo nome, na Penha, chegando a ter mais de cem alunos.

Há poucos anos, foi lançado o livro A Humanidade na contramão, que reúne breve autobiografia de Aymoré Ferreira, explanação a respeito da Ginástica Psicossomática e depoimentos de parentes e admiradores do nosso saudoso Companheiro. O nome da obra se refere ao fato de que hoje vivemos num Mundo marcado pela total e absoluta inversão de valores, seguindo os povos pelo caminho contrário àquele traçado pela Natureza e pela Tradição.

Encerremos esta breve homenagem a um grande caboclo cristão batizado com o nome dado a um grande povo guerreiro de Pindorama. Aymoré Ferreira, que dedicou toda a vida ao Bem Comum, foi, antes de tudo, um bravo, forte e nobre guerreiro de Deus, da Pátria e da Família, um modelo a ser seguido por todos os jovens que verdadeiramente amam a nossa Terra, a nossa Tradição e o nosso Povo. Ele, que partiu para a Vida Eterna, entregando o Espírito nas mãos do Criador, continua também vivo em nossos corações, assim como em seu legado.

Companheiro Aymoré Ferreira! Presente!



Victor Emanuel Vilela Barbuy, Presidente Nacional da Frente Integralista Brasileira.

São Paulo do Campo de Piratininga, 14 de novembro de 2011.

[1] FERREIRA, Aymoré. A Humanidade na contramão. Paraisópolis (MG): IARG (Instituto Alda Ribeiro de Gerontologia), s/d, p. 16.

[2] Idem, p. 27.

[3] Idem, p. 29.

[4] FRANCA, Leonel. Carta a Plínio Salgado. In SALGADO, Plínio. Vida de Jesus. 22ª ed. São Paulo: Voz do Oeste, 1985, pp. IX/XI.

[5] FERREIRA, Aymoré. A Humanidade na contramão, cit., p. 32.

[6] ELÍAS DE TEJADA, Francisco. Plínio Salgado na tradição do Brasil. In VÁRIOS. In memoriam, vol. II. São Paulo: Voz do Oeste/Casa de Plínio Salgado, 1986, pp.47-48.

Monday, November 14, 2011

Na USP, alunos são refens de marxistas

Por Eduardo Ferraz


Escondendo os rostos com capuzes, toalhas e camisas na cabeça, uma horda de marginais equipados com pedaços de madeira e barras de ferro parecia estar se sublevando em algum complexo prisional brasileiro. Com tática similar às identificadas em rebeliões nas unidades de detenção, os marginais invadiam as salas aos berros para intimidar quem estivesse presente e procuravam por alvos pré-determinados, como as câmeras de segurança.
No entanto, era composto o punhado de vândalos por “estudantes” da Universidade de São Paulo (USP). Vestindo moletons de marcas famosas e calçados importados, os “revolucionários” invadiram o prédio da Reitoria da universidade em protesto contra a desocupação de outro prédio do campus e também contra a abordagem policial que flagrou três alunos com maconha no estacionamento da faculdade.
É fato que a Polícia Militar agiu corretamente em todos os momentos, desde a detenção dos delinqüentes que consumiam maconha – pois, apesar de infelizmente não ser mais punido com pena de reclusão, o consumo de maconha, como de qualquer outra droga ilícita, continua sendo crime – à ordeira desocupação do prédio da reitoria durante a madrugada de terça (08/11).


***

Como se fosse insuficiente apresentar provas dos sucessivos crimes praticados pelos marginais e mesmo a manifestação em favor da presença da Polícia Militar no campus organizada pelos verdadeiros estudantes da USP, é possível apresentar outros argumentos e dados que corroboram a necessidade e a legitimidade da permanência da polícia no local. Segundo dados publicados no jornal O Estado de São Paulo, por exemplo, nos poucos meses de presença da polícia no campus os furtos a veículos caíram 92,3%, os roubos tiveram queda de 66,7% e os delitos de lesão corporal diminuíram 77,8%.
A presença da polícia no campus não é um fato que se discuta! Ao contrário do que pregam os aspirantes a intelectuais do PSTU e do PCO – diretamente envolvidos no problema, a universidade não dispõe de soberania, como se fosse um país ou uma cidade-estado dentro da cidade de São Paulo. Ela dispõe de autonomia, como qualquer autarquia dedicada a uma atividade técnica. Autonomia não é soberania. A presença da polícia em qualquer lugar do Brasil não pode ser restringida em função de meia dúzia de revoltados que pretendem criar nas cidades brasileiras uma zona livre para a ação criminosa – no caso o tráfico de drogas.
Paredes da reitoria foram pixadas com ilustrações, digamos, interessantes.



PSTU e PCO, por sua vez, além de realizarem defesa pública da legalização das drogas, defendem em suas páginas e folhetos que os estudantes seus militantes resistam àquilo que chamam de “militarização da universidade”. Até mesmo um abaixo assinado que revela o nome e a localização de professores possivelmente comprometidos com a “revolução” nas diversas universidades foi disponibilizado como forma de demonstrar apoio público à ação militante do partido. O que explica então a resposta dos militantes marxistas: convocar ontem (09/11) nova assembléia e decidir pela greve geral (?) na universidade.
Veja, a pergunta é necessária: para que serve uma greve de estudantes? Em uma greve de estudantes de universidade pública não é possível identificar outro prejudicado que não seja o próprio estudante de universidade pública. A lógica é essa, se as débeis reivindicações não são atendidas, fazem os demais estudantes reféns do grupo que controla o DCE “Livre” da USP.
Felizmente estes marginais não representam sequer 3% dos estudantes da USP – quase 90 mil alunos – e não conseguiram cooptar ou contar com a simpatia dos verdadeiros estudantes universitários. É pela ação destes últimos, aliás, que a greve não é geral. Alunos do Centro de Engenharia Elétrica e da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, por exemplo, redigiram nota declarando total repúdio às ações unilaterais do DCE, a quem consideram grupos “antidemocráticos” e reforçando que não haverá adesão ou paralisação das atividades em seus respectivos perímetros.
Fica aqui registrado o repúdio aos milhares de militantes infiltrados nas universidades públicas brasileiras; que cumprem dentro das universidades objetivos estratégicos e não acadêmicos. É preciso expressar também o repúdio aos professores que subscrevem tais atitudes ilícitas, os mesmos que corroem como pragas centenas de cursos importantes para a nação, bem como a mente saudável de jovens alunos a partir das aulas de ideologização marxista.
Devem ser expulsos da universidade e levados à justiça os vândalos que violaram o código penal e cometeram crimes contra o patrimônio público, prejudicando as pessoas realmente interessadas em estudar. É preciso que pessoas lúcidas e verdadeiramente comprometidas com a ordem nacional neutralizem os marxistas nas universidades. Eles já não significam nada, estão isolados e não devem representar mais os estudantes. A atitude das pessoas honestas é a solução.

Sunday, November 06, 2011

Breves considerações sobre o PC do B


O ex-Ministro Orlando Silva, do PC do B
  •  No último dia 26 de outubro, pediu demissão do Ministério do Esporte o Sr. Orlando Silva, do PC do B, que, assim como seu partido e o ocupante anterior daquele Ministério, o Sr. Agnelo Queiroz, ex-membro do PC do B e hoje Governador do Distrito Federal pelo autoproclamado Partido dos Trabalhadores, tem sido alvo de diversas denúncias de corrupção. Como bem sabemos, não é de hoje que há comunistas corruptos e desonestos, no Brasil ou em qualquer país do Mundo. Aliás, podemos dizer que a completa desonestidade, tanto material quanto intelectual, tem sido, desde Marx [1], a regra das ações dos militantes comunistas.
  • Orlando Silva, que não pode ser confundido com o grande e saudoso “Cantor das Multidões”, já é o quinto ministro do (des)governo Dilma Rousseff a ter que deixar o cargo após haver sido acusado de corrupção, e, lamentavelmente, não vemos, na grande imprensa, críticas à “Presidenta” [SIC] pelos escândalos de desvio de dinheiro público ocorridos em seu (des)governo. Ao contrário, ainda a vemos pintada como a “competenta” [SIC] varredora, faxineira da corrupção.
  • O novo Ministro do Esporte é o Deputado Aldo Rebelo, do PC do B, o que prova que aquele Ministério se transformou em propriedade daquele partido. Rebelo, que, até onde sabemos, é um homem honesto, é, felizmente, o melhor dos líderes do PC do B e, quiçá, de toda a denominada “base aliada” do (des)governo Dilma. Profundamente incoerente com relação aos dogmas do credo marxista, tem ele um discurso acentuadamente nacionalista, havendo se oposto à criação da Reserva Raposa-Serra do Sol [2], verdadeiro atentado à Soberania Nacional, assim como tecido duras críticas às nefastas ONGs que atuam na Amazônia e ao próprio MST [3], além de sempre haver defendido a Língua Pátria e o fortalecimento de nosso poderio bélico, bem como o culto das tradições pátrias e dos formadores da Nação Brasileira, havendo, com efeito, proferido diversos discursos em homenagem a vultos históricos normalmente satanizados ou, ao menos, desprezados pelos marxistas, a exemplo de Raposo Tavares, de D. Pedro I, do Duque de Caxias e da Princesa Isabel [4]. Todos esses discursos, bem como diversos outros do novo Ministro do Esporte, poderiam ter sido proferidos por qualquer um de nós, assim como por qualquer um de nós poderia ter sido assinada a maior parte de seus artigos ou dos projetos por ele apresentados à Mesa da Câmara dos Deputados. 
  • Esperamos de todo o coração que Aldo Rebelo, chamado depreciativamente “o bandeirante vermelho” por certos “esquerdistas” [5], seja um bom Ministro do Esporte, enfrente a corrupção naquele Ministério, e continue sua cruzada nacionalista e em defesa das tradições pátrias. E esperamos, igualmente, que abandone ele o credo marxista, que nada tem que ver com as ideias que defende, e abrace a doutrina do verdadeiro nacionalismo, deixando de lado as incoerências e se tornando um “bandeirante verde”.
  •  Por falar em incoerências, é disto que mais está cheio o PC do B. O próprio Programa lançado por aquela agremiação política contém um discurso claramente nacionalista, em completo desacordo com os dogmas internacionalistas do marxismo [6]. Por outro lado, recebe aquele partido doações de empresas como Coca-Cola e McDonald’s, que, somadas ao dinheiro desviado do Ministério do Esporte e, certamente, de outras instituições controladas por aquele partido, a exemplo da UNE (União Nacional dos Estudantes), já alvo de diversas denúncias de corrupção, e da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), fazem com que aquele partido viva, financeiramente, uma das mais ricas fases de sua história. Ademais, aquela agremiação política tem servido como “legenda de aluguel” de certas “celebridades”, que certamente mal têm noção do que é o comunismo, a exemplo dos cantores Netinho de Paula, Lecy Brandão e Martinho da Vila.
  •  O mais gritante, porém, no PC do B, é a sua falsificação da história, aliás bem coerente com a linha marxista-leninista-stalinista-maoísta-hoxhaísta que, ao menos até pouco tempo, seguiu aquele partido, o qual, ao contrário do que apregoa, não surgiu em 1922, mas em 1962, como dissidência do Partido Comunista Brasileiro (PCB), nome que recebera a partir de 1947 o antigo Partido Comunista do Brasil. A dissidência, como é bem sabido, se deu pelo fato de os então futuros pcdebistas, liderados por João Amazonas, fiéis à memória de Stálin, não aceitarem o “revisionismo” de Kruschev e do PCB.
  •  Ademais, de todas as figuras que, na propaganda do PC do B veiculada na Televisão, têm aparecido como ícones daquele partido, nenhuma delas jamais pertenceu a ele. Jorge Amado abandonara o PCB, o stalinismo e a militância comunista no início dos anos 50, ainda antes da desestalinização daquele partido. Patrícia Rehder Galvão, mais conhecida como Pagu, rompera com aquela agremiação no princípio da década de 40, trocando o stalinismo pelo trotskismo. Portinari, após uma fase de simpatia pelo fascismo, em que chegou a escrever que o Brasil necessitava de um estadista como Mussolini [7], aderiu, nos anos 40, ao então stalinista PCB, ao qual se manteve fiel até o fim de sua vida, que se deu dias antes da criação do PC do B. Oscar Niemeyer, apesar de fiel ao stalinismo até hoje, se manteve igualmente fiel ao PCB após o cisma de 1962. Carlos Drummond de Andrade apenas flertou com o comunismo por um breve período da década de 40, quando, embora não militando no Partido Comunista, foi editor, a convite de Prestes, do jornal A Tribuna, órgão daquela agremiação política, do qual logo saiu, por descordar da censura que ali havia. Drummond, que nos anos 20 fora editor do jornal Minas Gerais, órgão do liberal Partido Republicano Mineiro, e depois apoiara e servira o Estado Novo de Getúlio Vargas (1937-1945), jamais foi comunista e, inclusive, apoiou o Movimento cívico-político-militar de 31 de Março de 1964, que depôs o (des)governo demagógico de João Goulart, aliado dos comunistas [8]. Por fim, sobre Luís Carlos Prestes, Secretário-Geral do PCB até 1979 e sobre sua amante, a comunista e terrorista judia-“alemã” Olga Benário, morta em um campo de concentração alemão em 1942, não é necessário sequer comentar.
  •  Encerremos este artigo. O PC do B, que, nos anos 60 e 70, praticou o terrorismo e a guerrilha, sempre com o intuito de transformar o Brasil num país à imagem e semelhança da União Soviética de Stálin, da China de Mao Tsé-Tung ou da Albânia de Enver Hoxha, e que hoje, diante da impossibilidade de implantar em curto prazo um regime como esses no Brasil, aderiu à liberal-democracia burguesa; o PC do B, que tem se caracterizado pela completa desonestidade material e intelectual, bem coerente com o marxismo, falsa religião do ódio, da inveja e da desagregação moral e social de que é, no entanto, separado pelas diversas incoerências, sobretudo ideológicas; o PC do B, enfim, como partido de passado e presente sombrios, deve ser combatido por todas as formas legítimas, como uma ameaça ao Brasil Maior e Melhor pelo qual lutamos. E esperamos que, um dia, todos os verdadeiros nacionalistas que militam naquele partido percebam a própria incoerência e o abandonem, se tornando autênticos bandeirantes verdes.
  • Pelo Bem do Brasil!
  • Victor Emanuel Vilela Barbuy,
  • Presidente Nacional da Frente Integralista Brasileira (FIB).
  • São Paulo do Campo de Piratininga, 03 de novembro de 2011-LXXIX.
  •  [1] Sobre a desonestidade de Marx: BARBUY, Victor Emanuel Vilela. Marx está morto!. Disponível em: http://www.integralismo.org.br/?cont=781&ox=17&vis=. Acesso em 02 de novembro de 2011.
  •  [2] V. REBELO, Aldo. Raposa-Serra do Sol: O índio e a questão nacional. Brasília: Thesaurus, 2010. Tal livro reúne artigos e entrevistas de Aldo Rebelo publicados pelo jornal O Estado de S. Paulo e pela revista Interesse Nacional, além de dois breves ensaios inéditos de sua lavra.
  •  [3] As críticas de Aldo Rebelo ao MST, em entrevista dada à revista Veja, podem ser lidas em: http://www.noticiasagricolas.com.br/noticias/politica-economia/72608-com-o-pe-na-estrada--entrevista-com-aldo-rebelo-na-veja.html. Acesso em 02 de novembro de 2011.
  •  [4] V. REBELO, Aldo. Construtores do Brasil. Brasília: Câmara dos Deputados, 2008.
  •  [5] V., por ex., FREIRE, José Ribamar Bessa. Aldo, o bandeirante vermelho. Disponível em: http://www.socioambiental.org/inst/esp/raposa/?q=node/557. Acesso em 02 de novembro de 2011.
  •  [6] PC do B. Programa Socialista para o Brasil: O fortalecimento da Nação é o caminho, o socialismo é o rumo. Disponível em: http://www.pcdob.org.br/documento.php?id_documento_arquivo=1. Acesso em 02 de novembro de 2011.
  •  [7] V. PORTINARI, Cândido. Um movimento de renovação nas Bellas Artes. In Hierarchia, Anno I, Vol. V, Rio de Janeiro, março-abril de 1932, p. 189.
  •  [8] Sobre a complexa relação de Drummond com a política: NIGRI, André. Drummond: O poeta de opiniões fortes. Disponível em: http://bravonline.abril.com.br/materia/drummond-poeta-opinioes-fortes. Acesso em 02 de novembro de 2011.

Wednesday, October 26, 2011

Na Líbia, o triunfo da covardia - Eduardo Ferraz

Na Líbia, o triunfo da covardia


Pode-se chamar de vitória da democracia, de liberdade, de legal, o assassinato de pelo menos 70 mil pessoas, a quebra da soberania de um Estado, a destruição completa de suas cidades e de sua infra-estrutura, a usurpação de seus recursos, sua subserviência econômica e política aos invasores, bem como a condenação à morte, sem direito a julgamento do líder de um país? Essa é a liberdade que a OTAN oferece ao povo líbio?

São oportunas as considerações que farei abaixo, dirigidas principalmente àqueles que continuam cegos e iludidos com as mentiras difundidas pela imprensa global, considerações dirigidas àqueles que continuam apoiando o covil de traidores antipatriotas que formam o governo da “nova” Líbia.

...

No mês de fevereiro, pouco após a fulminante queda dos governos da Tunísia e do Egito, no Norte da África, uma tímida e aparente insurreição popular começou a tomar corpo em território líbio. O levante “rebelde” deu-se inicialmente em cidades próximas das fronteiras da Tunísia e do Egito, nações que até o momento encontravam-se em completo caos e que juntas cumprem geograficamente o papel de pinça em relação à Líbia. Pequenos erros à parte, denunciei na ocasião que a insurreição nada tinha de popular e que era sustentada, na verdade, por potências estrangeiras, fato que foi confirmado dia após dia.

Com o correr das semanas e o completo desastre do avanço “rebelde” nos extremos do país, houve, em paralelo, uma escalada do apoio aos rebeldes pela imprensa e por parte de um seleto grupo de países, que, não ocasionalmente, são membros signatários da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Nas extremidades opostas, onde a luta seguia, agora o interino governo Islâmico (não declarado) do Egito supria os rebeldes da Líbia com material militar e o mesmo faziam as potências ocidentais, sobretudo os estadunidenses, a partir da Tunísia.

No entanto, apesar dos diabólicos esforços, nenhum sinal de levante da população Líbia mostrava-se aparente. Gaddafi denunciava estar lutando não contra rebeldes, mas, contra a Al Qaeda no leste (fronteira com o Egito) e contra mercenários estrangeiros no oeste (fronteira com a Tunísia). Não obstante, o exército regular da Líbia conseguiu empurrar os invasores de volta para as fronteiras, até que foi surpreendido em março pela Resolução 1973 do Conselho de Segurança da ONU que, na prática, autorizava (como se fosse preciso) a OTAN a impor um bloqueio ao espaço aéreo da Líbia e a oferecer suporte militar aéreo às tropas rebeldes.

A partir deste momento, um revés no cenário militar providenciado pelos mais de duzentos aviões da OTAN mobilizados para atuar no conflito, responsáveis por executar mais de vinte mil missões na chamada “Operation Unified Protector”, pôs em xeque a capacidade de defesa da Líbia: unidades inteiras do exército regular dizimadas, cidades completamente arrasadas e a destruição completa da capacidade de defesa obrigaram o governo a se isolar em Trípoli.

Nesse contexto, mesmo após meses de bombardeios e sem qualquer possibilidade de avanço do mal treinado exército rebelde, composto basicamente por caminhonetes, sobre uma cidade de mais de um milhão de habitantes, como Trípoli, a OTAN forjou no dia 21 de agosto a suposta conquista da Praça Verde (veja abaixo), no centro da capital. As imagens veiculadas incessantemente pela imprensa foram o pretexto final para o grande bombardeio durante a madrugada do dia 22 de agosto, que deixou nas primeiras horas cerca de 1.600 mortos, destruiu completamente a infra-estrutura de Trípoli e obrigou a retirada das tropas do governo para Sirte, onde este resistiu por quase três meses, até que na última quinta-feira (20), aviões da OTAN atacaram o comboio em que Gaddafi estava presente. A história, de lá para cá, todos conhecem...

http://www.youtube.com/watch?v=yN1XYDNyZYY

No domingo (23) realizou-se em Bengasi uma festiva cerimônia onde foi oficialmente declarada a libertação da Líbia pelos rebeldes opositores ao governo de Gaddafi. Ontem (24), outra solenidade anunciava publicamente que a “nova” Líbia seria regida pela sharia, código de leis do islamismo. O anúncio foi feito pelo Presidente do Conselho Nacional de Transição (CNT), Mustafá Abdul Jalil. Ou seja, leis que proíbem a poligamia, por exemplo, estão revogadas na “nova” Líbia do CNT; as mulheres, assim como uma série de minorias não islâmicas, como os cristãos árabes, terão sua cidadania limitada na “democrática” Líbia forjada nesta segunda onda de colonização do mundo árabe.

Este último personagem, aliás, é a prova personificada da incoerência que os abutres tentam impor ao mundo. O Sr. Mustafá Abdul Jalil era, até o início da invasão da Líbia, nada menos que o Ministro da Justiça, de uma justiça que, segundo os países da OTAN, jamais existiu na Líbia. Fica evidente então que o papel deste senhor na situação é a de negociante, que ele vendeu a soberania da Líbia aos agentes internacionais.

Dadas as breves e esmiuçadas explicações, faz-se importante alertar aos desavisados que um movimento cívico-político-social, como é o Integralismo, por exemplo, triunfa sozinho na libertação de seu povo e não necessita de uma coalizão internacional composta por 42 países saqueadores; surge espontaneamente e não dos planos de invasão da OTAN ou do Pentágono.

Cumpre dizer que um verdadeiro movimento cívico-político-social ocorre neste momento em Trípoli: é o levante da resistência líbia após a morte de Gaddafi, razão pela qual o governo que “libertou” a Líbia ainda permanece acuado em Bengasi e não na capital do país. Quem controla Trípoli? Veja você mesmo...

http://www.youtube.com/watch?v=7pUxFAGFvEs

Para finalizar, longe de compartilhar da identificação com o “socialismo” de que partilhava Gaddafi, embora algumas de suas idéias fossem razoáveis, é importante ressaltar a necessidade da busca pela verdade. Só um mau-caráter pode conhecer os fatos e insistir que a invasão da Líbia é um movimento legítimo pela libertação de seu povo.